Aproximadamente 420 casos de crianças e adolescentes já passaram por tratamento no Ambulatório de Transtorno Alimentar do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (HUPES) nos últimos 10 anos. Esse número poderia ser muito maior, considerando ser a terceira doença crônica mais comum na adolescência. A justificativa? A dificuldade de diagnóstico e o consequente diagnóstico tardio. Também é fato que os transtornos alimentares (anorexia, bulimia, por exemplo) estão associados a depressão, transtorno de personalidade, abuso de drogas, entre outras.
Os transtornos alimentares são caracterizados por perturbações no comportamento alimentar, podendo levar ao emagrecimento extremo, à obesidade ou a outros problemas físicos. Podem afetar desde crianças até adultos, mas são mais comuns na adolescência. Os principais tipos de transtorno alimentar são a anorexia nervosa e a bulimia nervosa, ambos têm como características comuns: uma intensa preocupação como peso e o medo de engordar, uma percepção distorcida da forma corporal e a auto avaliação baseada no peso e na forma física.
De acordo com a gastroenterologista pediatra e chefe da Unidade de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do HUPES, Luiza Cabus, há um conjunto de fatores que levam ao surgimento dessas enfermidades. Pré-disposição genética, características ambientais, questões hormonais e distúrbios emocionais são alguns exemplos. Em todo caso, o diagnóstico é sempre possível a partir da observação do comportamento e alguns dados do exame físico, explica a médica.
“Muitas vezes começa com um jovem decidindo começar uma dieta. Em seguida há um aumento na restrição alimentar, tornando-se vegano, por exemplo, depois ele começa a acreditar que o glúten faz mal, corta o glúten. Cresce a restrição e de repente ele não come praticamente mais nada”, detalha. Segundo a médica, a observação cuidadosa do comportamento é essencial.
Nesse sentido, a especialista chama atenção para observação do comportamento do jovem como um todo, inclusive sobre o que ele assiste e lê. “Na internet há vários sites conhecidos como ‘pró-ana’ e ‘pró-mia’, que incentivam e dão dicas de como "se tornar" bulímica e anoréxica. Alguns falam em ‘bulimia e anorexia do bem’, como um conjunto de ações em prol de um objetivo estético.
O tratamento desses casos é sempre multidisciplinar, com acompanhamento de psiquiatra, nutricionista, psicólogo e pediatra, no caso de crianças e adolescentes. O Ambulatório de Transtornos Alimentares do HUPES funciona todas as segundas-feiras pela manhã, das 7h às 12h, no 3º andar do Ambulatório Magalhães Neto. Para ser atendido é preciso vir encaminhado por unidade básica de saúde.
Sobre a Ebserh
Desde dezembro de 2013, o Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia, faz parte da Rede Ebserh. Estatal vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) atua na gestão de hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do SUS, e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.
A empresa, criada em dezembro de 2011, administra atualmente 39 hospitais e é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.
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