Os pesquisadores compararam a dieta de três grupos de pessoas nascidas em diferentes décadas, com idade entre 35 e 74 anos. Para o grupo mais jovem, chamado de geração X (35 a 45 anos), os produtos ultraprocessados, aqueles produzidos com a adição de ingredientes como o sal, açúcar, óleos e gorduras, representaram, em média, 45,9% dos alimentos consumidos. Ao mesmo tempo, os mais saudáveis, como frutas e verduras, significaram 26,9% do total da dieta. Tais hábitos alimentares indicam que eles podem envelhecer com uma carga maior de doenças crônicas.
O consumo dos ultraprocessados também contribui para a quantidade elevada de sal ingerida. Na população estudada, apenas 16% consome o máximo de 5g de sal diariamente, o limite recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O consumo médio foi mais que o dobro: 11g por dia. Chama ainda mais atenção a quantidade de sal ingerida pelos hipertensos. Entre eles, a média chegou a 12g.
Os dados resultam de diversas entrevistas presenciais e exames com os participantes, que recebem individualmente os resultados dos testes e medidas realizadas. Segundo a professora do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e coordenadora do ELSA-Brasil em Salvador, Sheila Alvim, a realização do estudo em grandes metrópoles do país tem importância estratégica, já que representa o local de moradia de parcelas crescentes da população brasileira (domicílios urbanos).
“A aplicabilidade dos resultados obtidos em relação à população adulta brasileira é apoiada pelas semelhanças nas prevalências de alguns fatores de risco comportamentais e condições crônicas avaliados no ELSA-Brasil e no Vigitel (inquérito telefônico anual com dados representativos da população brasileira das 27 capitais do país e Distrito Federal). Além disso, os resultados dos nossos estudos indicam que o padrão alimentar dos participantes do ELSA-Brasil não é diferente do restante da população brasileira”, destaca a professora.
Ao todo, 250 artigos científicos já foram publicados com base no ELSA-Brasil. A próxima etapa do estudo com exames e entrevistas presenciais deve começar em 2021.